Washington Luís
Washington Luís foi o último presidente brasileiro representante do acordo entre as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, através da famosa política do café com leite. Em seu governo se deu a crise de tal pacto e o presidente nem chegou a completar seu mandato, sendo deposto e dando lugar logo depois para a Revolução de 1930 que iniciaria a Era Vargas na presidência do Brasil.
Washington Luís Pereira de Sousa nasceu no estado do Rio de Janeiro no dia 26 de outubro de 1869, na cidade de Macaé. Oriundo de uma família pobre, teve sua formação inicial feita no Colégio Dom Pedro II na cidade do Rio de Janeiro. Para concluir seus estudos foi preciso que seus outros irmãos parassem de estudar. Em sua formação superior foi para a cidade de São Paulo e formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1891. Em seguida foi nomeado promotor público na cidade de Barra Mansa, mas preferiu dedicar-se a advocacia na cidade de Batatais, lugar onde daria início também à sua carreira política. Washington Luís também foi historiador, publicou livros como A Capitania de São Paulo e Na Capitania de São Vicente.
A carreira política começou em Batatais quando foi eleito vereador entre 1897 e 1898, alguns anos mais tarde, em 1904, daria início já a um mandato de deputado estadual pelo estado de São Paulo que se seguiria por um ano. Em 1905 Washington Luís integrava ativamente a Assembléia
Nacional Constituinte defendendo a autonomia dos municípios frente aos governos estaduais e federal. Tornou a ser eleito deputado estadual por São Paulo em 1912, permanecendo como tal durante mais um ano. Logo se afastou para concorrer à prefeitura da cidade de São Paulo e ser eleito para o mandato de 1915 até 1919, cumprindo-o por inteiro. Após deixar o governo da cidade, candidatou-se para o governo do estado de São Paulo e mais uma vez saiu vitorioso, exercendo o novo cargo no período entre 1920 e 1924. Sua atuação como governador o garantiu no comando da comissão executiva do Partido Republicano Paulista, mesmo sendo fluminense. Em 1925 assumiu o posto de Senador do mesmo estado por um ano. Seu prestígio político era muito grande, Washington Luís era muito respeitado e assim seu nome foi indicado por unanimidade para concorrer ao cargo de presidente do país nas eleições de 1926.
Mesmo sendo natural do estado do Rio de Janeiro, Washington Luís se considerava paulista e de fato toda sua atuação e reputação política foi conquistada pelo histórico desenvolvido no Partido Republicano Paulista. Para as eleições de 1926 as elites de Minas Gerais e de São Paulo não tiveram problemas em indicá-lo como candidato, o qual não teve adversários nas urnas. Então Washington Luís assumiu a presidência no dia 15 de novembro de 1926.
Quando Washington Luís assumiu o principal posto da política brasileira já não tinha mais que dedicar o governo ao combate das revoltas que marcaram a década de 1920, seus antecessores já tinham dominado a situação. Os problemas do novo presidente seriam outros. Mesmo com os tenentes e os operários já controlados, criou em 1927 a Lei Celerada que determinava a censura à imprensa e a restrição do direito de reunião, colocando o Partido Comunista Brasileiro, reconhecido oficialmente no início de seu governo, na clandestinidade.
Na economia enfrentou uma grave crise que nenhum outro em seu lugar teria como passar imune. Em 1929 ocorreu a maior crise de todos os tempos, até então, do capitalismo. A superprodução que sucedeu a Primeira Guerra Mundial teve seu momento de choque com a quebra da bolsa de valores de Nova Yorque em 1929, todos os países capitalistas do mundo foram atingidos e o Brasil não tinha como ficar de fora. A consequência foi o fim da política de valorização do preço do café no mercado mundial, o qual era garantido pelo governo federal, através do Convênio de Taubaté firmado em 1906, e pelo Instituto do Café de São Paulo. O café era o principal produto na pauta de exportação do Brasil, representava quase 70%, sua fraqueza no mercado mundial fez a economia brasileira sofrer e teve reflexos também na política.
Mas o pior problema que Washington Luís enfrentaria seria a crise gerada na política do café com leite, a qual teria imensas consequências para a história do Brasil. Nas decisões políticas para o governo sucessório, Washington Luís indicou o paulista Júlio Prestes, tal fato desagradou os políticos mineiros que esperavam por um novo presidente que fosse do estado. Mesmo sob contestação e pressão da oligarquia mineira Júlio Prestes foi eleito no dia primeiro de março de 1930 para o mandato seguinte, sob muita suspeita de fraude. Insatisfeitos, os políticos mineiros se uniram com os gaúchos e iniciaram um movimento de insurreição que nem permitiria a posse de Júlio Prestes. O vice-presidente, João Pessoa, na chapa formada pelos opositores dos paulistas que tinha Getúlio Vargas como candidato principal foi assassinado na Paraíba no dia 26 de julho de 1930 agravando a crise política. O movimento de insurreição que saiu do Rio Grande do Sul fez com que o ainda presidente Washington Luís fosse deposto pelas forças armadas no dia 24 de outubro de 1930, colocando uma Junta Governativa Provisória formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha no poder.
Com a deposição, Washington Luís cumpriu exílio nos Estados Unidos e também na Europa até 1947. Quando retornou ao Brasil recusou se envolver novamente com política, falecendo então no dia 4 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo.
Governo de Wasington Luís:.
Washington Luís Pereira de Sousa nasceu em Macaé, no Rio de Janeiro, mas se considerava um paulista, pois construiu boa parte de sua carreira por lá. Último governante da chamada República Velha, assumiu a presidência em 15 de novembro de 1926, com apoio dos cafeicultores que representavam a política do “café-com-leite”.
Ele rompeu com o “estado de sítio” do governo de Artur Bernardes e trouxe otimismo à nação, aproximando-se da população ao andar nas ruas do Rio de Janeiro. Apesar da aparente calma do início de mandato, com o desmanche da Coluna Prestes e a promessa de investir em estradas (“Governar, pois, é fazer estradas“, disse ele certa vez), Washington Luís não cedeu anistia aos refugiados políticos e, posteriormente, promulgou a Lei Celerada em 1927 para evitar greves de operários, combater o espírito revolucionário do comunismo e conter o argumento anti-governista da imprensa.
O crescimento cada vez maior do setor industrial formou uma classe social de burgueses, que começaram a exigir políticas mais voltadas aos seus interesses econômicos. Ao contrário dos cafeicultores, que tinham consistência política para tornar o café um produto mais valorizado nacionalmente, os burgueses industriais queriam que o governo facilitasse o crédito bancário, elevasse o preço de produtos importados para que a produtividade nacional dominasse o mercado e estabilizasse a política monetária do país.
Atendendo a essa nova elite empresarial, Washington Luís cria a caixa de Estabilização em 1926, para facilitar o empréstimo monetário externo.
Em 1929, a queda da Bolsa de Nova York desestabilizou o mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos. Os cafeicultores viram seus lucros decaírem quando o café passou a ser desvalorizado por seus principais compradores: os europeus. Os empréstimos financeiros provindos do exterior também sofreram uma grande queda e o setor cafeeiro acabou entrando em atrito com o setor industrial, pois, enquanto um setor dependia de investimentos externos, o outro ficava mais fortalecido com a estabilização monetária. Neste momento, um empréstimo podia contrair enormes juros em decorrência da crise econômica, o que afetaria as indústrias nacionais.
Washington Luís optou por continuar sua política de estabilização monetária.
Os agricultores começaram a entrar em conflito internamente. Os mineiros e fluminenses estavam insatisfeitos com o fato da Instituição do Café ser sediada em São Paulo; queiram que fosse propriedade do governo federal. Indignados, formaram uma frente contra os cafeicultores paulistas e o governo de Washington Luís, criando a Aliança Libertadora. Eles eram contra a candidatura de Júlio Prestes para a sucessão presidencial e decidiram lançar o candidato mineiro Antônio Carlos de Andrada, contrariando a aliança da política do “café-com-leite”.
Sem consistência política, Andrada acabou apoiando o candidato gaúcho Getúlio Vargas, formando a aliança entre os estados de Rio Grande do Sul, Minas Gerias e Paraíba, com o vice João Pessoa. Essa aliança seria a responsável por destituir Washington Luís do poder vinte e um dias após o término de seu mandato, em 24 de outubro de 1930. Com o fim da República Velha, onde os interesses dos cafeicultores eram prioritários no governo, a Revolução de 1930 coloca Getúlio Vargas no poder e traz novos rumos políticos para o Brasil, investindo mais no empresariado nacional e nas condições de trabalho do operariado.
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